Em plena campanha eleitoral, com
"sondagens" batendo diariamente à nossa porta, assalta-me a seguinte
questão: como é possível um Pais endividado assim, com um desemprego ainda alto
e crescimento e défice pouco sustentáveis, dar como muito provável a
reeleição do governo actual, cujo mandato foi carregado de medidas impopulares
(muitas delas inúteis) e resultados pouco animadores?
Encontrei duas respostas
possíveis.
A primeira é a de que, ainda no
rescaldo de 2010/11, as pessoas reconheceram a necessidade dos sacrifícios
feitos desde então, por força da falência financeira do Estado. Foram chamadas para pagar a
assistência externa, que gerou – ela própria – novas consequências no seu
rendimento e emprego (afectando-as outra vez), mas aceitaram isso, porque
sabiam não haver outra hipótese. Por essa razão, um discurso cheio de promessas
agradáveis ao ouvido, por parte da oposição, hoje não cola. "Traz água no
bico"!
Os portugueses parecem ter bem na
memória a última pessoa que lhes prometeu empregos e computadores para todos, TGV para os espanhóis virem à Caparica, aeroporto novo, na Ota ou no "deserto" de Alcochete, auto-estradas Lisboa-Porto e SCUT com fartura! As mesmas sabem também em que situação está hoje quem lhes prometeutudo isso e o mal que fez a Portugal.
Talvez assim se explique que – como
promete o PS – devolver salários e pensões, baixar o IRS, as contribuições para
a Seg. Social e o IVA da restauração, contratar mais professores e médicos,
construir novos hospitais e dar borlas nas estradas, senão tudo de uma
assentada, perto disso, não cheire lá muito bem ao Povo.
A segunda possibilidade,
entroncada na primeira, é a de que a alternativa não parece lá grande
espingarda. Ao contrário do que era suposto e do que eu próprio reivindiquei,
António Costa tornou-se numa figura pouco credível, de quem os portugueses se parecem
ter fartado, mesmo antes de lhes ir ao bolso…
Pensarão: se é para fazer o mesmo
que os outros (cujo problema é não prometerem nada...), ao menos esses têm
experiência em tesourar e sabe-se o que valem (e não valem)… Se é para aventuras,
o melhor é estar quieto com os outros, porque no passado foi o que foi… Ao
jeito de “o Seguro morreu de velho e a Prudência foi ao seu enterro”! (E o
Seguro que já nem é o António José...)
Teria sido tão mais inteligente, por
parte de Costa, aproveitar o embalo do trabalho sério do Prof. Centeno, mas
explicar que a sua abordagem (diferente?) na hora de fazer cortes (que os
haverá inevitavelmente), do que entrar num remoinho de promessas, uma por dia,
e num discurso errático de, num dia fará acordos com a direita, no seguinte não
aprovará orçamentos alheios, num dia nunca cortará na Seg. Social, no seguinte
"poupará" nas pensões não-contributivas, num dia renegociará a
dívida, no seguinte os compromissos serão para cumprir, etc.
Ora, alguém que faz uma campanha destas terá mãos para guiar o País? E guiá-lo-á assim, aos “ss”, como faz com o seu partido?
Ora, alguém que faz uma campanha destas terá mãos para guiar o País? E guiá-lo-á assim, aos “ss”, como faz com o seu partido?
É inquietante os eleitores terem de escolher entre o mau e o péssimo.
Quanto a mim, não sabendo ainda bem
o que fazer a 4/10, agradeço desde já a António Costa ter-me riscado uma das 16
possibilidades de voto...
A "costite" é séria e não passará até lá! E não só a mim...