Terça-feira, dia 12 de Novembro, a International Energy Agency apresentou o World Energy Outlook, onde prevê que o consumo de energia a nível global aumentará cerca de um terço até 2035. Outros dados interessantes prendem-se com o facto de o crescimento das renováveis apontar para, nesse momento, uma "quota de mercado" de 25% (em 2012 era de 18%). Isto significa que o crescimento do consumo de energia não será baseado numa troca de combustíveis fósseis por fontes de energia "limpas", mas sim por um crescimento de ambas as fontes (como se pode constatar no gráfico abaixo).
Um caso que merece destaque é o Brasileiro, que se prevê triplicar a sua extracção de petróleo. No entanto, a previsão da sua estrutura de consumo energético aponta para a exportação de crude, já que o seu consumo não deverá ultrapassar os 20% do total (comparando com os cerca de 55-60% a nível global). A sua grande fatia de energia disponível para consumo deverá ser produzida por via hidroeléctrica (cerca de 60% do total), enquanto a energia nuclear ocupará um lugar residual (globalmente será cerca de 5-10% da energia disponível).
Fonte: The Economist
Não me parece muito difícil prever que o grande crescimento económico mundial até 2035 estará dividido entre China e Índia. Assim, e olhando para o gráfico acima, verificamos que o crescimento do consumo de energia está eminentemente associado ao crescimento económico, já que se prevê que a esmagadora maioria do aumento da procura de energia seja dividida entre os países não-membros da OCDE, de onde se destacam os Asiáticos (China e Índia). Aliás, a previsão aponta para que em 2035, a China consuma tanta energia como a Europa e os EUA juntos.
Portanto, somando tudo isto, o que parece simples de concluir é que:
1) O desenvolvimento de energias renováveis não se apresenta rápido o suficiente para contrariar a pressão sobre os combustíveis fósseis (com todos os efeitos que isso acarreta).
2) O preço do petróleo continuará a aumentar, pelo motivo apresentado em 1.
3) Não me parece difícil acreditar que o Brasil irá constituir um fundo soberano com as receitas das exportações petrolíferas (mas que não o investirá, à la Angolana, em Portugal).
4) Ao mesmo tempo de 3 (ou um pouco antes), Portugal continua a ter oportunidades de negócio no Brasil, e pode mesmo perfilar-se como um parceiro vital no desenvolvimento Brasileiro. Para tal, basta ver que já existem construtoras nacionais envolvidas em projectos de barragens, depois virão os empreendimentos, ...
5) Para uma economia como a Portuguesa, que desespera por uma oportunidade, parece-me óbvio que o sector das renováveis é uma excelente ideia. Por um lado, inovamos e exportamos inovação, por outro, reduzimos a dependência de combustíveis fósseis, cujo preço tenderá a crescer.
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