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"Quod non est in actis, non est in mundo" ("O que não está escrito, não existe")

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Serviço qualquer coisa

Li com algum interesse a notícia publicada no jornal Público, segundo a qual o Partido Socialista propõe que uma entidade pública, qualquer que seja a sua natureza, fique impedida de deter participações em órgãos de comunicação social. As entidades públicas donas de jornais e revistas terão de se desfazer delas no espaço de 6 meses, ou mudar o perfil editorial daqueles para um estilo “doutrinário ou institucional”.
A excepção feita nesta proposta de lei é a RTP e a agência Lusa, porque, segundo o projecto de lei, se enquadram numa concessão.


Visto assim, o objectivo é tramar o governo regional da Madeira, e o seu presidente Jardim, que detém um jornal despudoradamente propagandístico. É muito mau sinal quando uma lei se funda numa situação conjuntural para ser criada. Ainda para mais, o tal governo de Jardim está decrépito e os sinais que vêm do arquipélago apontam para que este seja mesmo o último mandato daquele tipo de governação populista-despesista.
Mas concordo com o princípio. Nunca percebi porque tem o Estado de ter, numa democracia, órgãos de comunicação social, para anunciar o “bem” que o regime vai fazendo…
Mas mais, se isto se aplica a jornais e revistas, por que diabo se há-de aceitar que o Estado tenha uma televisão pública, agravada pelo facto de ser financiada forte e feio por subvenções públicas e pela “taxa do audiovisual”? Fará sentido continuar a alimentar a barriga do Malato e do Fernando Mendes? Haverá mesmo vantagem no “serviço público” que aquela presta? Não custa demasiado caro esta brincadeira, num país sem dinheiro? E os privados, não farão o mesmo, senão “melhor”, “serviço público” do que a RTP1? Na “informação”, no “entretenimento”, no “comentário político”, no debate futebolístico…?
Por outro lado, por se tratar de um sector muito específico e com grande impacto na maneira de pensar e funcionar da sociedade, seria importante que a legislação apertasse e tornasse mais transparente a propriedade dos órgãos de comunicação privados (como parece que a oposição terá tentado, em 2012 – tal como também vem na notícia). Principalmente, quando à mistura se metem dinheiros públicos de outros Estados (“privados”, portanto), como o angolano é um dos exemplos…

Só mais uma nota: num estilo “doutrinário ou institucional” também se pode fazer muita propaganda… Basta definir a doutrina que dá mais jeito!

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