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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O dilema das tecnologias limpas: verde-vermelho

A questão da aposta em tecnologias “verdes” e a penalização de indústrias poluentes tem que se lhe diga.

Se, por um lado, é adquirido que mais cedo ou mais tarde os países terão de investir fortemente em energias "limpas" (principalmente aqueles que melhores condições climáticas têm para o fazer – como é exemplo o caso português), também me parece que essa aposta não pode ser feita sem uma enérgica intervenção de subsídios governamentais. A questão acaba por ser o velho dilema sacrificar o curto ou o longo-prazo, já que o dinheiro não chega para tudo.
Em Portugal, o governo Sócrates ensaiou esta “reforma energética”. A consequência foi a diminuição do défice energético. Contudo, tal mudança reflectiu-se, não só ao nível orçamental (dados os benefícios fiscais à aquisição de painéis fotovoltaicos e os elevados investimentos em parques eólicos, por eg), bem como na factura mensal de electricidade paga por todos nós.
Fonte: PORDATA

Outro dilema que avassala os governos prende-se com a penalização fiscal das indústrias mais poluentes. E esse ponto é crítico quando pensamos nos efeitos perversos que uma política desse tipo pode vir a ter para o sistema económico. Li, já não sei onde nem quando, que se o mercado automóvel fosse taxado totalmente pelas externalidades negativas que provoca ao meio ambiente, o preço dos veículos aumentaria 17 vezes. Tal medida (um imposto pigouviano) levaria à quase extinção da indústria rodoviária e de outras com ela relacionadas (não apenas a compra e venda de carros, mas também o mercado de combustíveis e os transportes rodoviários de passageiros e mercadorias), com os naturais efeitos devastadores que isso traria para o crescimento.
A introdução do imposto pigouviano levaria à quase extinção do mercado de compra e venda de carros

Há, depois, outro aspecto que não é de todo de ignorar e que explica o facto de serem os países nórdicos aqueles que mais registam avanços neste campo: a aposta nestas tecnologias está intimamente relacionada com a capacidade financeira dos países. Daí serem vitais acordos internacionais que definam estratégias globais (fortemente fiscalizadas e cumpridas por todos os países) de combate às alterações climáticas, bem como regras claras para o mercado das emissões de carbono, que permitam aos países mais frágeis não ficarem desprotegidos no caminho do desenvolvimento.
A solução, como sempre, passa pelo meio-termo. Os países mais avançados têm o dever de contribuir mais fortemente para esse esforço, já que os sub-desenvolvidos e os "em vias de sub-desenvolvimento" (como Portugal) enfrentam constrangimentos orçamentais e neste momento têm outras prioridades.

E depois tudo depende da visão do poder político, mais estratégica ou mais orientada para as eleições seguintes. E essa é, no fundo, a velha história que distingue os visionários dos que não vêm um boi à frente!


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