A questão da aposta em
tecnologias “verdes” e a penalização de indústrias poluentes tem que se lhe diga.
Se, por um lado, é adquirido que
mais cedo ou mais tarde os países terão de investir fortemente em energias
"limpas" (principalmente aqueles que melhores condições climáticas
têm para o fazer – como é exemplo o caso português), também me parece que essa
aposta não pode ser feita sem uma enérgica intervenção de subsídios
governamentais. A questão acaba por ser o velho dilema sacrificar o curto ou o
longo-prazo, já que o dinheiro não chega para tudo.
Em Portugal, o governo Sócrates
ensaiou esta “reforma energética”. A consequência foi a diminuição do
défice energético. Contudo, tal mudança reflectiu-se, não só ao nível orçamental
(dados os benefícios fiscais à aquisição de painéis fotovoltaicos e os elevados
investimentos em parques eólicos, por eg), bem como na factura mensal de
electricidade paga por todos nós.
Fonte: PORDATA |
Outro dilema que avassala os
governos prende-se com a penalização fiscal das indústrias mais poluentes. E
esse ponto é crítico quando pensamos nos efeitos perversos que uma política
desse tipo pode vir a ter para o sistema económico. Li, já não sei onde nem
quando, que se o mercado automóvel fosse taxado totalmente pelas externalidades
negativas que provoca ao meio ambiente, o preço dos veículos aumentaria 17
vezes. Tal medida (um imposto pigouviano) levaria à quase extinção da indústria
rodoviária e de outras com ela relacionadas (não apenas a compra e venda de
carros, mas também o mercado de combustíveis e os transportes rodoviários de
passageiros e mercadorias), com os naturais efeitos devastadores que isso
traria para o crescimento.
A introdução do imposto pigouviano levaria à quase extinção do mercado de compra e venda de carros |
Há, depois, outro aspecto que não
é de todo de ignorar e que explica o facto de serem os países
nórdicos aqueles que mais registam avanços neste campo: a aposta nestas
tecnologias está intimamente relacionada com a capacidade financeira dos
países. Daí serem vitais acordos internacionais que definam estratégias globais
(fortemente fiscalizadas e cumpridas por todos os países) de combate às
alterações climáticas, bem como regras claras para o mercado das emissões de
carbono, que permitam aos países mais frágeis não ficarem desprotegidos no
caminho do desenvolvimento.
A solução, como sempre, passa
pelo meio-termo. Os países mais avançados têm o dever de contribuir mais
fortemente para esse esforço, já que os sub-desenvolvidos e os "em vias de
sub-desenvolvimento" (como Portugal) enfrentam constrangimentos
orçamentais e neste momento têm outras prioridades.
E depois tudo depende da visão do
poder político, mais estratégica ou mais orientada para as eleições seguintes.
E essa é, no fundo, a velha história que distingue os visionários dos que não
vêm um boi à frente!
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