Muitos dos resultados das
Europeias de ontem não constituem grande novidade: a gigantesca abstenção
(que sempre foi grande em eleições Europeias, mas que cada vez é maior), a
vitória escassa do PS (qualquer alternativa de jeito, no estado em que se
encontra o país e com a competência e linha estratégica que se reconhece a este
governo, teria nunca menos de 40% de votos), a subida da CDU (que aproveita com
mérito a fidelidade da sua militância "clubística" e a cassete
anti-Europa desde sempre), a queda vertiginosa do Bloco de
Esquerda (que, tal como predestinei no rescaldo das Autárquicas do ano passado,
caminha a passos largos para o desmantelamento) e o surgimento de uma figura
populista (ao jeito de José Manuel Coelho das Presidenciais de 2011).
A questão de tudo isto é que,
quando realcei a necessidade de independência na política portuguesa, não me
referia propriamente ao género popularucho de Marinho e Pinto, e o
"seu" Movimento Partido da Terra (foi este como podia ter sido outro partido
qualquer – aliás, gargalhei quando ouvi um dos seus tempos de antena na rádio
na semana passada, porque o senhor trocou-se todo com o nome do partido; pode
ser que agora já o saiba de cor).
Queria, e quero, Independência de
carácter: convicções próprias que não se vendem às marés das audiências, aos
programas do Goucha ou aos casos judiciais mais badalados.
Independência sem vaidade, sem
usar cargos mediáticos para promoção pessoal.
Independência com respeito pelos
outros, vivendo do mérito da sua iniciativa e não da podridão alheia.
Independência com propostas
aplicáveis e soluções concretas, e não sound
bites e demagogias baratas.
Marinho e Pinto não preenche
nenhum destes requisitos de Independência, logo não me posso dar por satisfeito
com o seu triunfalismo.
Alguns portugueses (não sei se
por engano ou convicção) escolheram esta péssima alternativa ao
partidarismo decadente. Uma espécie de mini-Marine Le Pen português.
E temo que esta moda venha para ficar. Se assim for, espero enganar-me, ainda nos vamos arrepender!
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