O PCP é um partido muito
singular, diferente de todos os outros. Claramente movido pela doutrina, numa função
de protesto. O seu sucesso depende do insucesso do Pais e, por arrasto, dos
partidos de poder. Se a economia não cresce, se as exportações diminuem, se o
desemprego é alto, se a precariedade aumenta, se os salários são cortados ou se
a Europa não funciona, lá está o PC a reclamar uma "política
patriótica e de esquerda". O problema surge no tipo de política que é
essa, tão cheia de enganos para muitos dos que votam no partido.
Há então que distinguir dois
tipos de governação: nas autarquias e no governo central. Se, nos municípios, é
comummente aceite que o PC tem feito bons trabalhos (principalmente quando
coligado; e, em grande parte, porque está "vigiado" pelo poder
central – nomeadamente, através do controlo orçamental), duvido que tal se sucedesse num
executivo central. Para chegarmos a essa conclusão, basta, não só olhar para os
resquícios da sua governação no felizmente não muito longo PREC (e não me
venham dizer que os governos de Vasco Gonçalves não eram comunistas), mas
também para as suas "propostas" de hoje.
Com o PC no governo, Portugal
sairia da UE, não pagaria a dívida a ninguém e não teria financiamento em lado
nenhum, a não ser num qualquer país "amigo" e
"revolucionário" (já não há muitos --> Coreia do Norte?).
Com o PC no governo, voltaríamos
ao escudo, cambialmente desvalorizado, com hiper-inflações e sem qualquer
hipótese de importar bens essenciais que cá não são produzidos (alimentos,
medicamentos, etc.).
Com o PC no governo, seriam
cortadas as relações diplomáticas e comerciais com todos os países que não
perfilhassem das mesmas ideias (basicamente, todos os desenvolvidos) e seriam
reforçadas as relações com Cuba, Bielorrússia e que mais?
Com o PC no governo, a Banca
seria toda do Estado, tal como todas as empresas que dessem lucro (e as que não
dessem também iam lá parar), “os latifúndios” seriam colectivizados, a
iniciativa privada acabaria na hora e a economia definharia.
Com o PC no governo, os salários,
“direitos e regalias” seriam aumentados 10% ao ano, em nome dos trabalhadores e
do povo, com excelentes efeitos no nível de preços e no poder de compra (ilusão
monetária chapadinha!).
Com o PC no governo, seriam
saneados todos aqueles que não defendessem este género de governo
"patriótico" e "progressista", tal como sucedido no dito
PREC, não se podendo falar de democracia, nessa altura.
É claro que isto tudo não seria levado
a cabo de uma só vez. Em qualquer dos casos, duvido que todos os 400 mil que votam na CDU eleição-após-eleição (também não são mais) quisessem tal "panaceia"
governativa.
Mas até nisso o PCP é útil. Serve
para vermos o que não queremos para Portugal!
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