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"Quod non est in actis, non est in mundo" ("O que não está escrito, não existe")

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Um Voto Livre

A decisão sobre a quem entregar o voto nunca foi, para mim, tão complicada como é hoje. Pese embora não ter sido chamada às urnas muito mais do que meia-dúzia de vezes, a cada escrutínio que vem, a dificuldade em escolher os meus representantes torna-se mais nítida.
Contudo, as eleições são o que resta aos cidadãos de mais eficaz para que se façam ouvir e emitam sinais sobre o que querem, pelo que abster significa desperdiçar um instrumento que, em democracia, é infelizmente inigualável e irrenunciável.


As eleições para o Parlamento Europeu são tradicionalmente pouco interessantes para o eleitorado. Apesar de muito daquilo que se passa em Portugal vir, mal ou bem, de decisão comunitária. É verdade que se torna complexo acompanhar a actividade dos deputados nacionais naquele parlamento, dada também a menor cobertura que os média dela fazem.
Ainda assim, no meio dessa dificuldade, sabemos aqueles que não desperdiçaram oportunidade para afirmar uma voz de pensamento próprio e apresentar trabalho, concorde-se mais ou menos. E isso, hoje, tem cada vez mais valor, quando se olha para o parlamento nacional e só se vê opacidade, desleixo e carreirismo.
Por outro lado, nunca a política precisou tanto de uma sociedade civil forte, dado o excesso de "legitimidade democrática" de que os “representantes do povo” parecem e dizem gozar, autorizando-se a fazer exactamente o oposto daquilo para o qual foram eleitos!
A causa maior deste estado de descrédito e ineficiência a que chegou Portugal (e a União Europeia, já agora) prende-se exactamente com a organização do poder político. Um sistema dominado por oligarquias, desde logo no mundo partidário, com o carreirismo dominante nas Jotas, que se tornaram uma "saída profissional" fácil e bem-sucedida para os jovens. Uma vez eleitos pelo povo (que não os escolheu verdadeiramente), estes "representantes" prestam contas a quem lá os pôs (o chefe do partido ou um seu próximo) e não aos eleitores que votaram no seu partido.
Àquela perversidade, junta-se a influência da maçonaria que tantas vezes já caracterizei como o cancro deste regime, que se alastra, não só no mundo partidário-governativo, mas também à finança, empresas, justiça, obras públicas, cultura, saúde, etc. Tudo alimentado por um meio empresarial que mantém o sistema no cativeiro dos seus interesses.



O recém-criado Partido Livre pretende cortar com algumas destas práticas e aparece com uma atitude de abertura à independência que me entusiasma. Não sou, longe disso, concordante com a orientação política de Rui Tavares, mas reconheci-lhe, nos últimos quatro anos no Parlamento Europeu, protagonismo e uma atitude diferente (atitude essa que o levou inclusivamente a abandonar o partido pelo qual foi eleito – Bloco de Esquerda). Não sei se será ou não reeleito para Estrasburgo, mas é nele e no Partido LIVRE a quem vou deixar o meu voto!

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