A decisão sobre a quem entregar o
voto nunca foi, para mim, tão complicada como é hoje. Pese embora não ter sido
chamada às urnas muito mais do que meia-dúzia de vezes, a cada escrutínio que
vem, a dificuldade em escolher os meus representantes torna-se mais nítida.
Contudo, as eleições são o que
resta aos cidadãos de mais eficaz para que se façam ouvir e emitam sinais sobre
o que querem, pelo que abster significa desperdiçar um instrumento que, em
democracia, é infelizmente inigualável e irrenunciável.
As eleições para o Parlamento
Europeu são tradicionalmente pouco interessantes para o eleitorado. Apesar de
muito daquilo que se passa em Portugal vir, mal ou bem, de decisão comunitária.
É verdade que se torna complexo acompanhar a actividade dos deputados nacionais
naquele parlamento, dada também a menor cobertura que os média dela fazem.
Ainda assim, no meio dessa
dificuldade, sabemos aqueles que não desperdiçaram oportunidade para afirmar
uma voz de pensamento próprio e apresentar trabalho, concorde-se mais ou menos.
E isso, hoje, tem cada vez mais valor, quando se olha para o parlamento
nacional e só se vê opacidade, desleixo e carreirismo.
Por outro lado, nunca a política
precisou tanto de uma sociedade civil forte, dado o excesso de
"legitimidade democrática" de que os “representantes do povo” parecem
e dizem gozar, autorizando-se a fazer exactamente o oposto daquilo para o qual
foram eleitos!
A causa maior deste estado de
descrédito e ineficiência a que chegou Portugal (e a União Europeia, já agora)
prende-se exactamente com a organização do poder político. Um sistema dominado
por oligarquias, desde logo no mundo partidário, com o carreirismo dominante
nas Jotas, que se tornaram uma "saída profissional" fácil e
bem-sucedida para os jovens. Uma vez eleitos pelo povo (que não os escolheu
verdadeiramente), estes "representantes" prestam contas a quem lá os
pôs (o chefe do partido ou um seu próximo) e não aos eleitores que votaram no
seu partido.
Àquela perversidade, junta-se a
influência da maçonaria que tantas vezes já caracterizei como o cancro deste
regime, que se alastra, não só no mundo partidário-governativo, mas também à
finança, empresas, justiça, obras públicas, cultura, saúde, etc. Tudo
alimentado por um meio empresarial que mantém o sistema no cativeiro dos seus
interesses.
O recém-criado Partido Livre
pretende cortar com algumas destas práticas e aparece com uma atitude de
abertura à independência que me entusiasma. Não sou, longe disso, concordante
com a orientação política de Rui Tavares, mas reconheci-lhe, nos últimos quatro
anos no Parlamento Europeu, protagonismo e uma atitude diferente (atitude essa
que o levou inclusivamente a abandonar o partido pelo qual foi eleito – Bloco de
Esquerda). Não sei se será ou não reeleito para Estrasburgo, mas é nele e no
Partido LIVRE a quem vou deixar o meu voto!
Sem comentários:
Enviar um comentário