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"Quod non est in actis, non est in mundo" ("O que não está escrito, não existe")

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Sofrer de Costite

Em plena campanha eleitoral, com "sondagens" batendo diariamente à nossa porta, assalta-me a seguinte questão: como é possível um Pais endividado assim, com um desemprego ainda alto e crescimento e défice pouco sustentáveis, dar como muito provável a reeleição do governo actual, cujo mandato foi carregado de medidas impopulares (muitas delas inúteis) e resultados pouco animadores?
Encontrei duas respostas possíveis.
Alternativa, sim: os calções!

A primeira é a de que, ainda no rescaldo de 2010/11, as pessoas reconheceram a necessidade dos sacrifícios feitos desde então, por força da falência financeira do Estado. Foram chamadas para pagar a assistência externa, que gerou – ela própria – novas consequências no seu rendimento e emprego (afectando-as outra vez), mas aceitaram isso, porque sabiam não haver outra hipótese. Por essa razão, um discurso cheio de promessas agradáveis ao ouvido, por parte da oposição, hoje não cola. "Traz água no bico"!
Talvez assim se explique que – como promete o PS – devolver salários e pensões, baixar o IRS, as contribuições para a Seg. Social e o IVA da restauração, contratar mais professores e médicos, construir novos hospitais e dar borlas nas estradas, senão tudo de uma assentada, perto disso, não cheire lá muito bem ao Povo.
A segunda possibilidade, entroncada na primeira, é a de que a alternativa não parece lá grande espingarda. Ao contrário do que era suposto e do que eu próprio reivindiquei, António Costa tornou-se numa figura pouco credível, de quem os portugueses se parecem ter fartado, mesmo antes de lhes ir ao bolso…
Pensarão: se é para fazer o mesmo que os outros (cujo problema é não prometerem nada...), ao menos esses têm experiência em tesourar e sabe-se o que valem (e não valem)… Se é para aventuras, o melhor é estar quieto com os outros, porque no passado foi o que foi… Ao jeito de “o Seguro morreu de velho e a Prudência foi ao seu enterro”! (E o Seguro que já nem é o António José...)
Teria sido tão mais inteligente, por parte de Costa, aproveitar o embalo do trabalho sério do Prof. Centeno, mas explicar que a sua abordagem (diferente?) na hora de fazer cortes (que os haverá inevitavelmente), do que entrar num remoinho de promessas, uma por dia, e num discurso errático de, num dia fará acordos com a direita, no seguinte não aprovará orçamentos alheios, num dia nunca cortará na Seg. Social, no seguinte "poupará" nas pensões não-contributivas, num dia renegociará a dívida, no seguinte os compromissos serão para cumprir, etc.
Ora, alguém que faz uma campanha destas terá mãos para guiar o País? E guiá-lo-á assim, aos “ss”, como faz com o seu partido?

É inquietante os eleitores terem de escolher entre o mau e o péssimo.
Quanto a mim, não sabendo ainda bem o que fazer a 4/10, agradeço desde já a António Costa ter-me riscado uma das 16 possibilidades de voto...
A "costite" é séria e não passará até lá! E não só a mim...

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