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"Quod non est in actis, non est in mundo" ("O que não está escrito, não existe")

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Movimento Populista-Teatral

Muitos dos resultados das Europeias de ontem não constituem grande novidade: a gigantesca abstenção (que sempre foi grande em eleições Europeias, mas que cada vez é maior), a vitória escassa do PS (qualquer alternativa de jeito, no estado em que se encontra o país e com a competência e linha estratégica que se reconhece a este governo, teria nunca menos de 40% de votos), a subida da CDU (que aproveita com mérito a fidelidade da sua militância "clubística" e a cassete anti-Europa desde sempre), a queda vertiginosa do Bloco de Esquerda (que, tal como predestinei no rescaldo das Autárquicas do ano passado, caminha a passos largos para o desmantelamento) e o surgimento de uma figura populista (ao jeito de José Manuel Coelho das Presidenciais de 2011).


A questão de tudo isto é que, quando realcei a necessidade de independência na política portuguesa, não me referia propriamente ao género popularucho de Marinho e Pinto, e o "seu" Movimento Partido da Terra (foi este como podia ter sido outro partido qualquer – aliás, gargalhei quando ouvi um dos seus tempos de antena na rádio na semana passada, porque o senhor trocou-se todo com o nome do partido; pode ser que agora já o saiba de cor).
Queria, e quero, Independência de carácter: convicções próprias que não se vendem às marés das audiências, aos programas do Goucha ou aos casos judiciais mais badalados.
Independência sem vaidade, sem usar cargos mediáticos para promoção pessoal.
Independência com respeito pelos outros, vivendo do mérito da sua iniciativa e não da podridão alheia.
Independência com propostas aplicáveis e soluções concretas, e não sound bites e demagogias baratas.
Marinho e Pinto não preenche nenhum destes requisitos de Independência, logo não me posso dar por satisfeito com o seu triunfalismo.



Alguns portugueses (não sei se por engano ou convicção) escolheram esta péssima alternativa ao partidarismo decadente. Uma espécie de mini-Marine Le Pen português. E temo que esta moda venha para ficar. Se assim for, espero enganar-me, ainda nos vamos arrepender! 

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