O que ensina o latim...

"Quod non est in actis, non est in mundo" ("O que não está escrito, não existe")

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Tendencialmente útil

O PCP é um partido muito singular, diferente de todos os outros. Claramente movido pela doutrina, numa função de protesto. O seu sucesso depende do insucesso do Pais e, por arrasto, dos partidos de poder. Se a economia não cresce, se as exportações diminuem, se o desemprego é alto, se a precariedade aumenta, se os salários são cortados ou se a Europa não funciona, lá está o PC a reclamar uma "política patriótica e de esquerda". O problema surge no tipo de política que é essa, tão cheia de enganos para muitos dos que votam no partido.

Há então que distinguir dois tipos de governação: nas autarquias e no governo central. Se, nos municípios, é comummente aceite que o PC tem feito bons trabalhos (principalmente quando coligado; e, em grande parte, porque está "vigiado" pelo poder central – nomeadamente, através do controlo orçamental), duvido que tal se sucedesse num executivo central. Para chegarmos a essa conclusão, basta, não só olhar para os resquícios da sua governação no felizmente não muito longo PREC (e não me venham dizer que os governos de Vasco Gonçalves não eram comunistas), mas também para as suas "propostas" de hoje.
Com o PC no governo, Portugal sairia da UE, não pagaria a dívida a ninguém e não teria financiamento em lado nenhum, a não ser num qualquer país "amigo" e "revolucionário" (já não há muitos --> Coreia do Norte?).
Com o PC no governo, voltaríamos ao escudo, cambialmente desvalorizado, com hiper-inflações e sem qualquer hipótese de importar bens essenciais que cá não são produzidos (alimentos, medicamentos, etc.).
Com o PC no governo, seriam cortadas as relações diplomáticas e comerciais com todos os países que não perfilhassem das mesmas ideias (basicamente, todos os desenvolvidos) e seriam reforçadas as relações com Cuba, Bielorrússia e que mais?
Com o PC no governo, a Banca seria toda do Estado, tal como todas as empresas que dessem lucro (e as que não dessem também iam lá parar), “os latifúndios” seriam colectivizados, a iniciativa privada acabaria na hora e a economia definharia.
Com o PC no governo, os salários, “direitos e regalias” seriam aumentados 10% ao ano, em nome dos trabalhadores e do povo, com excelentes efeitos no nível de preços e no poder de compra (ilusão monetária chapadinha!).
Com o PC no governo, seriam saneados todos aqueles que não defendessem este género de governo "patriótico" e "progressista", tal como sucedido no dito PREC, não se podendo falar de democracia, nessa altura.


É claro que isto tudo não seria levado a cabo de uma só vez. Em qualquer dos casos, duvido que todos os 400 mil que votam na CDU eleição-após-eleição (também não são mais) quisessem tal "panaceia" governativa.
Mas até nisso o PCP é útil. Serve para vermos o que não queremos para Portugal!

Sem comentários:

Enviar um comentário