(material dedicado à economia laboral)
Deve-se isso, não só à
impreparação/ignorância da grandíssima maioria dos empresários (que se tornaram sem
saber ler nem escrever), mas também à pouca predisposição ao sacrifício dos
trabalhadores, e à irresponsabilidade de quase todos os sindicatos, com honrosas excepções. É sobre este
último que falo aqui.
(Nota: Irrita-me especialmente a
exaustão com que se fala dos “direitos adquiridos”, não porque eles não devam
existir, mas porque servem de pretexto para reivindicações de qualquer ordem. Essa é outra conversa.)
Entre nós, os sindicatos são
partidos políticos. Os afectos à CGTP não são mais do que forças operacionais de
bloqueio do PCP. Mas até poderiam sê-lo, se de facto protegessem quem quer
trabalhar. Contudo, não é assim que acontece.
Só para dar um exemplo. A
legislação laboral é rígida quanto a despedimentos individuais, por eg., por
redução da actividade ou necessidade de reestruturação duma função, e ao mesmo
tempo permite que duas ou mais pessoas sejam despedidas sem protecção de maior. Tal regulamentação, não só não conduz à protecção efectiva dos postos existentes, como faz ainda com que as empresas se retraiam na hora de contratar alguém. (Escusado será dizer que retrai a contratação colectiva)
Hoje o período de experiência é de 6 meses, renovável 3 vezes (18 meses). O que acontece é que, no fim desses 18 meses, chega uma nova “fornada” de precários e os que lá estavam antes vão para o “olho da rua”, não passando ao quadro.
Hoje o período de experiência é de 6 meses, renovável 3 vezes (18 meses). O que acontece é que, no fim desses 18 meses, chega uma nova “fornada” de precários e os que lá estavam antes vão para o “olho da rua”, não passando ao quadro.
Este é um sistema que
não só não garante absolutamente o posto a quem já o tem (está sujeito, por eg.,
às práticas de “assédio moral”), como ainda impede a
contratação individual e alastra a precariedade.
Evolução da contratação colectiva; fonte: UGT/BTE |
Mas não só nesta questão as forças sindicais têm sido (ir)responsáveis.
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Nas empresas, a aumentos salariais devem associar-se acréscimos da produtividade, caso contrário as empresas estão a inflaccionar o valor do trabalho sem terem retorno disso, conduzindo a dificuldades financeiras, fatais para muitas delas.
Os sindicatos não percebem (ou ignoram) esta dinâmica e
querem todos os anos aumentos salariais a torto e a direito, ou por causa da
inflação, ou porque a empresa vizinha aumentou, ou sei lá porquê… E se tais
exigências não são satisfeitas, “partem para a luta”, paralisando a actividade
e criando maiores dificuldades às empresas em questão. Numa lógica de interesse político, notoriedade, e não tanto de defesa dos trabalhadores a cargo da organização.
Um oásis no "deserto" da margem sul... |
A montar o futuro. |
Este não chora nas dificuldades. |
No meio de tanta inconsciência,
há um oásis: a comissão de trabalhadores da AutoEuropa, por sinal liderada por um bloquista. António Chora tem conseguido acordos muito
importantes com a empresa e motivar os trabalhadores, de tal forma que a fábrica
de Palmela conseguiu nestes últimos anos adiar o seu vaticinado fecho e,
pasme-se, gerar aumentos na produção e nos salários em tempos de crise como
estes.
Sucesso que causa tremenda urticária na corte do Arménio, do Jerónimo e do Bernardino, mas disso os
trabalhadores da Volkswagen querem lá saber… Só querem ter trabalho e receber ao fim do mês, mais nada.
Esse sim, um sindicato à séria!