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"Quod non est in actis, non est in mundo" ("O que não está escrito, não existe")

quarta-feira, 6 de março de 2013

Contas (de merceeiro) sobre a Economia Paralela

Ao ver este vídeo, fiquei algo curioso e decidi fazer algumas contas acerca da economia paralela em Portugal no decorrer do século XXI. Os dados recolhidos podem ser encontrados
no PORDATAOBEGEFPúblico, que sintetizados levam ao seguinte quadro. Referir apenas que os valores se encontram em milhões de euros e que se assume uma taxa (média ponderada) de IVA de 15%, abaixo da real, que deverá rondar os 20%.



Quanto a conclusões, uma imediata que salta à vista: em 9 dos 12 anos apresentados, as contas públicas apresentariam um saldo dentro dos limites de Maastricht (3% do PIB) e num ultrapassa-os em apenas 0,13% (2005). Do mesmo modo, 2007 apresenta um défice negativo, ou seja, um superavit das contas públicas.
Este incremento da receita fiscal tem outras implicações, nomeadamente a diminuição das necessidades de financiamento do Estado (i.e., dívida pública), visto os défices serem consideravelmente menores. Isto diminui a pressão sobre os juros e poderia ter atenuado os efeitos da crise, quiçá evitar a Troika.
Deixando os números e passando ao modo como esta "fuga" à tributação deveria ser encarada, creio que se resume facilmente numa palavra: ROUBO! "Porquê?", pode perguntar o leitor. Simples, porque o Estado mais não é que a união das vontades dos cidadãos e, portanto, é propriedade de todos e para todos. Assim (e como já disse numa outra publicação), sempre que alguém foge aos impostos, é a cada um dos restantes cidadãos e contribuintes que rouba, porque a sua fuga representará, mais tarde ou mais cedo, um aumento da carga fiscal. Deste modo, chegamos a outra conclusão: se se eliminar a Economia Paralela (ideia algo utópica, mas a sua redução é efectivamente possível), a carga fiscal baixará visto o fisco recolher mais impostos (dentro - provavelmente acima - das previsões e necessidades do governo). Não sendo suposto (por definição) o Estado ter superavits permanentes, a carga fiscal baixará para o nível efectivamente necessário, garantindo o bom funcionamento das instituições e aliviando os "bolsos" dos contribuintes.